Geotêxtil não tecido: diferenças entre gramatura e resistência à tração

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O geotêxtil nãotecido é conhecido em diversos setores de obras que envolvem processos de separação de solos, drenagem de solos, proteção de barreiras, entre muitas outras aplicações. No ramo de obras públicas, no setor de construção de rodovias, ele ficou conhecido como Bidim, nome da fabricante do material. Trata-se de uma empresa com muita tradição no mercado que, além do geotêxtil nãotecido, produz outros produtos de qualidade, como é o caso do geotêxtil tecido, muito utilizado para reforço de solo, e a geocélula, utilizada no controle de erosão, contenções e pavimentação.

Entender como funcionam as propriedades mecânicas desses produtos é essencial para especificar o melhor material na elaboração dos projetos. Por isso este post traz algumas curiosidades sobre a gramatura e a resistência à tração.
Todo geotêxtil tem alguma resistência à tração, que pode ser maior ou menor para atender a diferentes funções. Por exemplo, em casos em que este material será utilizado para filtragem, sua função principal é permitir a passagem de líquidos ao seu plano perpendicular, impedindo o carreamento de partículas finas do solo. Para esta aplicação, a capacidade de filtragem, alinhada com as propriedades do solo em questão, é mais importante que uma alta resistência. Essa propriedade tem grande importância em obras de barragens de terra, nas quais o geotêxtil substitui com muito mais eficiência processos clássicos, como filtros executados com diferentes granulometrias de solos, procedimentos bem mais demorados. Assim, o geotêxtil deve ser escolhido conforme as necessidades do projeto.

Quando a Bidim iniciou suas atividades no Brasil, a nomenclatura utilizada para diferenciar os diferentes tipos de um geotêxtil nãotecido estava relacionada com a gramatura do material. Esta propriedade era utilizada como um índice de caracterização associado diretamente ao custo do produto, diferenciando materiais de uma mesma família, compostos pelas mesmas matérias-primas e processos de fabricação. Dessa forma, como descrito em uma tabela extraída de um dos manuais da época da Bidim, por exemplo, o geotêxtil OP-20 tem 200g/m², o OP-30 tem 300g/m², e assim sucessivamente.
Conforme a utilização de geotêxteis começou a ser difundida em obras civis, muitas outras indústrias têxteis também começaram a criar linhas de produtos voltadas para o setor de construção. No entanto, apesar de ter uma gramatura igual aos produtos da Bidim, nem sempre estes materiais tinham uma resistência à tração igual. E assim muitas obras recebiam um material inferior. Na tabela antiga, o produto OP-20 tinha uma resistência à tração de 15kN/m e o OP-60 tinha uma resistência 38kN/m.

Se analisarmos a diferença entre as gramaturas, a do primeiro material é 3 vezes maior que a do segundo. Porém, a resistência à tração é aproximadamente 2,5 vezes maior apenas. Isso quando falamos de produtos fornecidos pela Bidim e que passam por ensaios previstos em normas.

Como muitas obras começaram a apresentar problemas por terem adquirido produtos intitulados como similares aos fornecidos pela Bidim, todo geotêxtil nãotecido começou a ser visto com certa desconfiança. A medida tomada pela Bidim foi focar na resistência à tração dos materiais e mudar a nomenclatura de seus produtos. Para isso, utilizou como base os ensaios normatizados pela ABNT como a NBR 12824 – Geotêxteis Determinação da Resistência à Tração não confinada de 1993. Assim, foi possível passar mais segurança aos clientes a respeito do que estava sendo empregado em suas obras e recuperar a confiança de outrora.

Na tabela atual é possível observar essas mudanças, com nomenclaturas que ajudam a nortear as necessidades das obras. Por exemplo, o RT-07 tem 7kN/m de resistência e assim sucessivamente. Para elaboração desse novo quadro, as informações sobre a natureza do produto, úteis ao projeto, como se ele foi fabricado a partir de fibras cortadas ou filamentos contínuos, como o entrelaçamento dos fios foi feito, qual intensidade de entrelaçamento foi dada ao produto e se sofreu ou não termo ligação, entre outros aspectos, foram obtidas com o fabricante, enquanto o desempenho dos diferentes materiais foi avaliado por meio de ensaios específicos. Assim, a gramatura já não é mais especificada, pois, dependendo do processo de fabricação, produtos com a mesma gramatura podem apresentar propriedades mecânicas e hidráulicas totalmente diferentes.

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